terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Primeiro Cio

A minha gata entrou no cio. Sei que já deveria tê-la castrado meses atrás. Não sou o melhor pai para ela, mas, na ausência de uma mãe e sendo incapaz de vislumbrar melhores alternativas, o que me resta são parafusos. Minha gata entrou no cio, pela primeira vez.

Mas afinal, quem está no cio? Pois parece que sou eu. Ando mais preocupado e desorientado que a dita cuja. De fato, ela anda bastante diferente, se eu perdi meus parafusos, ela não se recorda por onde andam as porcas. Geme como uma gata no cio, oras! Não sei o que acontece, mas imagino que não seja das melhores sensações. Um grau de perturbação insano. Creio que ela não faça ideia do que está havendo e portanto, não julgo sua insuportabilidade uma atitude equivocada.

Pior que olhar para a coitada sem ter o que fazer é imaginar esses gatos esfarrapados da vizinhança se aglutinando em torno da minha princesinha. Uma fila de gatos safados, afim de dar uma trepada e nada mais. Porque esses sacanas não arcam com as conseqüências? Já sou pai, e mesmo que péssimo,  terei de superar-me, ou seja, terei de ser pai e avô ao mesmo tempo.

Não imagino um gato comprando fraldas, tampouco ninando sua cria em plena madrugada. Mas seria interessantíssimo poder dividir com o verdadeiro progenitor a responsabilidade pelos filhotes, que serão, a meu ver, diversos, dado o número de pretendentes que compõe a fila aqui no bairro. São gatos e mais gatos, amontoados, surtados, tarados, loucos e perseverantes. Lutando entre si, como lutadores de luta gato-romana, por uma mísera micro-vagina felina.

Há algo de muito habitual e familiar nessa constatação, mas, deixo isso para uma próxima oportunidade. Gatos, eternos cuspidores de pelos... Quem um dia poderá compreendê-los?