segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Como Namorar Uma Equatoriana?

Ela não conhece a minha cidade. Veio uma vez e ficou pasma com o ritmo da metrópole. Disse um monte de bobagens e riu da minha cara, bairrista que só. Andou de cabo à rabo e conheceu tudo o que havia de interessante dentro do circuito cultural paulistano. Eu nunca fui para lá, nunca pensei em ir e ainda não planejo embarcar num vôo livre rumo à terra dos panamás (sim, os tais chapéus vêm de lá).

Ela não sabia o que era samba, tampouco feijoada. Nunca havia bebido cachaça ou fumado um cigarrinho tupiniquim. Dançou numa roda em praça pública, distribuiu abraços, viveu a alegria da selva de pedra e fitou-me com olhos satisfeitos. Há quem diga que a primeira impressão é a que fica. Depende, nesse caso, prefiro dizer que a segunda fora capaz de prevalecer.

Sua língua e minha língua travaram batalhas incríveis. Em todos os sentidos. Uma língua difícil de comparar, difícil de compreender, mas incrivelmente fácil de se beijar. E isso fizemos até demais, tanto, que depois de certo ponto, não havia qualquer necessidade de se comunicar de outra forma. Utilizávamos nossas bocas parar sinalizar qualquer desejo, qualquer ensejo, qualquer lampejo de tudo o que fosse possível.

La chica hablaba con un poquito de dificultad, pero, para mí, no havía problema ninguno. Como disse anteriormente, não fazíamos mímicas. Se não fosse capaz de interpretar perfeitamente seus códigos, sabia que, por mais que pareça loucura, um beijo traria toda a cura necessária para o sucesso de tal interlocução.

Ela dizia "hola" e eu logo pensava besteira. Ela repetia e eu apenas ria. Era hola pra cá, hola pra lá, e eu só conseguia pensar na tal marca de camisinha. Enfim, como namorar uma equatoriana? Ando pensando seriamente a respeito. Não consigo vislumbrar uma vida em solo quichua, também não a vejo tomando chuva pela terra da garoa.

Talvez não seja a melhor hora para tal devaneio, mas, puta que pariu, desembarcarei em Guayaquil?