sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Passado

Olá querido, como tem passado? Escrevo este conjunto de palavras de maneira a agradecer por tudo que sou e que talvez possa me considerar hoje. São vinte e cinco anos e mais um tanto, quase vinte e seis. Quase vinte e seis anos de vida. Nove mil, quatrocentos e quarenta e nove dias de uma busca incessante, que, com o vigoroso e inevitável passar do tempo, trouxera-me até aqui.

Não tenho memória de elefante para detalhar cada um desses tantos dias, mas lembro-me de casos e contextos diversos, momentos únicos, fases e épocas impossíveis de se explicar, até porque, não existe sentido algum em explicar qualquer coisa dentre essas tantas coisas que fizeram-me chegar onde estou.

O que fica, de fato, cada vez mais evidente, é a bagagem acumulada. As experiências, as mudanças muitas, os caminhos trilhados, assim como todos os seus desvios, quase sempre, de ímpeto. Nada do que fui, deixei de ser, apenas convivo com a realidade de que hoje sou uma pessoa completamente diferente da qual era há quinze anos. O que permanece, e disso não tenho a menor dúvida, é a essência.

Como saber que aquela criança ingênua viria a se transformar no que me transformei? Quem poderia dizer, há quinze anos, que estaria eu, fazendo o que faço agora? Seguindo o caminho que sigo, crente das crenças às quais acredito, cultivando valores aos quais julgo indispensáveis? Quem poderia dizer que aquele menino franzino seria quem sou hoje?

Uma busca incessante. Uma procura sem fim. Um correr atrás sem findar de fôlego. Para chegar onde cheguei e não encontrar as tais respostas que faço a mim mesmo desde o dia em que nasci. Talvez seja este o magnífico sentido da vida, viver de meias certezas.

Afinal, que graça teria tal estadia, não fossem as expectativas, os tombos doloridos, o aprendizado contínuo e as grandes surpresas? Que graça teria viver, sem morrer de amores e dúvidas, sem o peso na consciência, sem a dor de cotovelo e todos aqueles sorrisos sinceros? Que graça teria respirar, não fossem os suspiros, os arrepios, a saudade e todas aquelas lágrimas para hidratar nossas bochechas?

Apenas vivendo para perceber e ousar responder. E viver requer uma certa dose de paciência. É preciso tempo. Tempo que nos fez presentes, mesmo que diferentes e separados, em pontos simultâneos na imensa linha dos desavisados. Inclusive aqui, agora, onde o mundo não acaba, para o delírio dos desesperados. Tempo que não pediu passagem, quando viu, passou, e se passou, virou passado.

Tempo que só tenho a agradecer, enfim...  muito obrigado!