segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu Amo Você

O amor não tem idade.

Não segue regras, foge dos conceitos básicos relacionados a carne, como nascimento e morte, o amor não cabe em qualquer ampulheta e não se encontra preso a prazos e calendários.

O amor acontece.
O amor é um evento.

Raro, para quem persiste na idéia de que existem coisas mais importantes do que simplesmente amar. O amor, quando sentido verdadeiramente, é chama que se põe a arder sem avisar e queima sem se preocupar com sua extinção. O amor acontece todos os dias, basta perceber que só é necessário estar vivo para senti-lo e compartilhá-lo.

O amor não tem idade.
O amor não envelhece, o amor rejuvenesce.

Quem ama e diz que ama e não tem medo de amar de forma alguma, pode se considerar parte do ciclo maior da vida que nos cerca, o amor irrestrito, a si mesmo, amor ao próximo, amar o mundo e receber de volta tudo aquilo que se conquista com seu investimento, óbvio, mais amor.

O amor plantado é, definitivamente, o amor colhido.

E digo isso porque sei que, no fim das contas, é a única coisa realmente capaz de mover barreiras, de mudar tudo, de transformar esse mundo e fazer brotar o sorriso mais sincero de todos, fruto de sua maior invenção, a felicidade.

O amor não tem idade.
Quem diz que tem, há de já estar morto.

E eu sei que amo e sou amado, assim como você, que está lendo isso, e que nesse exato momento parou para pensar em alguém muito especial, alguém capaz de fazer você dizer sem qualquer discrição, aquelas três palavrinhas essenciais, tal como o ar à respiração, as três palavrinhas que dão mais vida ao coração...

Eu.
Que sou apenas um dos tantos mais apaixonados.

Amo.
Com todo o amor que há em meu peito.

Você.
Que sem rodeios, me ama de volta com a mesma intensidade.

O amor não tem idade, e está batendo à sua porta.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Duas Putas

















Tem noites em que o melhor a se fazer é dormir, outras nem tanto. Nessas, como de costume, o melhor é não precisar acordar.

Sábado à noite, perto das dez horas, juntei um troco e parti para a Augusta. É de conhecimento de todos que bêbado na Augusta brota mais que manga em mangueira e morcego em Gotham City, portanto, acredito que a minha estada e o meu estado não foram exclusividade alguma daquela noite.

Passei por alguns inferninhos, bebi muita cachaça, fumei meu cigarro, dancei puntz-puntz, dancei forró, subi, desci, sentei, levantei, mijei e caguei naquela porra.

Tudo lindo. Tudo muito bacana. Até a hora de ir embora. Aí você me pergunta: mas por quê? Tava tudo uma merda? Bebeu demais? Passou mal? Junte todas as alternativas e acrescente o fato de eu ter resolvido me embrenhar num ninho de cobra criada justamente as três horas da manhã.

Elke e Havana. Uma sucuri, outra cascavel. Duas putas muito da desgraça, que resolveram se apresentar e oferecer os seus digníssimos serviços para mim. Eu, que sou praticamente um homem casado.

- Sessenta conto a chupeta! – disse a sucuri, passando a mão pelo corpo e fingindo levantar a saia.

- Tô duro! Fica pra próxima!

- Tá durinho é? Que novidade! (risos) É isso o que acontece com quem se depara com duas gostosas como a gente!

- Hum, na certa é! Mas pra isso acontecer comigo, tenho que descer essa caralha toda de volta e beber três vezes mais do que eu já bebi!

- Tá tirando “as donzela” rapá? É viado por acaso? Aqui ó! Oito mil esse silicone, oito mil “esses peito”! – retrucou, revoltada com o meu desinteresse.

- Caralho! Quatro mil cada peito! Dá pra ficar com um só, vender o outro e comprar uma moto! Se eu tivesse uma moto, metia o pé daqui, não subia essa porra toda pra pegar o metrô.

- Tá pobrinho tá? Tem quanto aí? Quinze pila paga uma chupetinha! – disse Havana, entrando na conversa com seu par de seios maiores que a minha cabeça.

- Olha, eu não tô querendo foder ninguém, tô bêbado, sem um puto no bolso e com duas putas penduradas no meu pau! Dá licença vai, vou sair fora!

- Calma aí! Gostei de você! – disse Havana – Não liga para o que ela diz não! Se quiser te dou uma chupada e você não precisa pagar nada!

Quando a esmola é demais o santo desconfia. Sozinho na madruga, bêbado feito um pau d’água e sem dez centavos no bolso, queria mesmo era dar uma bela duma foda pra encerrar a noite, mas não ali. Não com aquelas putas “cadeira de rodas”.

- Agradeço, mas preciso ir embora pra casa. Tô passando mal, não quero vomitar na frente de vocês.

- Olha aqui moleque! Você tá pensando o quê? Que a gente está esperando um príncipe encantado? Que a gente fica plantada aqui esperando um namorado? O negócio aqui é grana! Se não tiver pra pagar, sai fora, e deixa a gente trabalhar!

Era a deixa que eu queria para ir embora, mas, bêbado do jeito que eu estava, sei lá por que razão, resolvi ficar mais um pouco.

- Ok. Há um minuto você queria me chupar de graça, agora voltou a me cobrar! O quê? Gostou foi? Queria dar de graça também? Esse papinho de não quero príncipe encantado não tá colando agora né?

- Você não sabe com quem tá se metendo seu moleque! Logo aparece algum cliente e te bota pra correr daqui!

- É, a procura tá forte por aqui, faz bem uma hora que eu estou falando com vocês e nada de passar alguém.

- Nossos clientes passam de carro! Não são pedestres como você!

- Opa! Valeu! Falou a cheia da grana! Dá licença vai, meu ouvido não merece tudo isso.

- Oito mil cada peito! Oito mil cada peito! Eu sou uma empresária do sexo, o dinheiro que eu tiro aqui com o meu corpo, por dia, dá pra bancar um silicone desses! Duas motos cada peito! Dava pra nós duas fugirmos sobre duas rodas e deixar você aqui falando sozinho!

- Ok! Façam isso! Mas não esqueçam de emprestar essas caras de cu, para eu poder me virar bem no lugar de vocês!

Um carro parou e levou as duas. As duas putas mais escrotas que já vi na minha vida, por sessenta reais, trinta cada uma. E agora, eu era o rei da esquina. Não havia ninguém mais poderoso que eu na travessa da Augusta com a Matias Aires.

Agora, no lado negro da força, definitivamente, eu era o Darth Vader.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mais do Mesmo

Mais do Mesmo


Já me perguntaram trocentas vezes em quem eu votei. Se eu votei, o por quê. Além do por quê, se existe em mim alguma raiz partidária que me faça ser escroto o bastante para votar e, pra não fugir ao hábito, se eu tenho algum problema.

Eu votei sim, não anulei meu voto, não fiz campanha política nem pra um, nem pra outro. Só acredito que um lado dessa moeda seja um tanto mais sujo que o outro, mas isso não quer dizer que eu aceite essa moeda. Prefiro somente jogar com o lado mais limpo, ou menos sujo, tanto faz.

Para findar minhas considerações pós-eleições, votei no azul-amarelo da social democracia, pra não perder o costume. Pra não perder o costume e a minha liberdade de expressão. Pois são os ataques feitos à imprensa e aos meios livres de comunicação, como blogs e demais artifícios que, ao meu ver, tornaram a campanha da candidata da classe operária uma verdadeira maré de dúvidas e medo.

Medo.

Medo de não poder mais vir à público, assim, como venho habitualmente aqui, pra dizer as palavras que insistem sair da minha boca, palavras que se levadas ao pé da letra, não são tão tolas, como você pode ver.

Meu voto não é segredo, nem protesto. Meu voto é um dever, que deveria ter sido coroado com a participação total do eleitorado, porém, vivemos num país onde se trabalha de mais e se folga de menos. O feriado quebrou a perna de ambos os candidatos, mas não as minhas.

Andei cerca de 45 minutos, depois de pegar um metrô abarrotado de gente, subi, desci, subi de novo, virei pra esquerda, pra direita, e ponto, cheguei. Vim, votei, venci. E agora posso me considerar digno da explanação que faço aqui. Quem não vota é idiota.

Se essa é a melhor forma de protesto que vocês conhecem, eu é que pergunto, qual o problema de vocês?