quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Duas Putas

















Tem noites em que o melhor a se fazer é dormir, outras nem tanto. Nessas, como de costume, o melhor é não precisar acordar.

Sábado à noite, perto das dez horas, juntei um troco e parti para a Augusta. É de conhecimento de todos que bêbado na Augusta brota mais que manga em mangueira e morcego em Gotham City, portanto, acredito que a minha estada e o meu estado não foram exclusividade alguma daquela noite.

Passei por alguns inferninhos, bebi muita cachaça, fumei meu cigarro, dancei puntz-puntz, dancei forró, subi, desci, sentei, levantei, mijei e caguei naquela porra.

Tudo lindo. Tudo muito bacana. Até a hora de ir embora. Aí você me pergunta: mas por quê? Tava tudo uma merda? Bebeu demais? Passou mal? Junte todas as alternativas e acrescente o fato de eu ter resolvido me embrenhar num ninho de cobra criada justamente as três horas da manhã.

Elke e Havana. Uma sucuri, outra cascavel. Duas putas muito da desgraça, que resolveram se apresentar e oferecer os seus digníssimos serviços para mim. Eu, que sou praticamente um homem casado.

- Sessenta conto a chupeta! – disse a sucuri, passando a mão pelo corpo e fingindo levantar a saia.

- Tô duro! Fica pra próxima!

- Tá durinho é? Que novidade! (risos) É isso o que acontece com quem se depara com duas gostosas como a gente!

- Hum, na certa é! Mas pra isso acontecer comigo, tenho que descer essa caralha toda de volta e beber três vezes mais do que eu já bebi!

- Tá tirando “as donzela” rapá? É viado por acaso? Aqui ó! Oito mil esse silicone, oito mil “esses peito”! – retrucou, revoltada com o meu desinteresse.

- Caralho! Quatro mil cada peito! Dá pra ficar com um só, vender o outro e comprar uma moto! Se eu tivesse uma moto, metia o pé daqui, não subia essa porra toda pra pegar o metrô.

- Tá pobrinho tá? Tem quanto aí? Quinze pila paga uma chupetinha! – disse Havana, entrando na conversa com seu par de seios maiores que a minha cabeça.

- Olha, eu não tô querendo foder ninguém, tô bêbado, sem um puto no bolso e com duas putas penduradas no meu pau! Dá licença vai, vou sair fora!

- Calma aí! Gostei de você! – disse Havana – Não liga para o que ela diz não! Se quiser te dou uma chupada e você não precisa pagar nada!

Quando a esmola é demais o santo desconfia. Sozinho na madruga, bêbado feito um pau d’água e sem dez centavos no bolso, queria mesmo era dar uma bela duma foda pra encerrar a noite, mas não ali. Não com aquelas putas “cadeira de rodas”.

- Agradeço, mas preciso ir embora pra casa. Tô passando mal, não quero vomitar na frente de vocês.

- Olha aqui moleque! Você tá pensando o quê? Que a gente está esperando um príncipe encantado? Que a gente fica plantada aqui esperando um namorado? O negócio aqui é grana! Se não tiver pra pagar, sai fora, e deixa a gente trabalhar!

Era a deixa que eu queria para ir embora, mas, bêbado do jeito que eu estava, sei lá por que razão, resolvi ficar mais um pouco.

- Ok. Há um minuto você queria me chupar de graça, agora voltou a me cobrar! O quê? Gostou foi? Queria dar de graça também? Esse papinho de não quero príncipe encantado não tá colando agora né?

- Você não sabe com quem tá se metendo seu moleque! Logo aparece algum cliente e te bota pra correr daqui!

- É, a procura tá forte por aqui, faz bem uma hora que eu estou falando com vocês e nada de passar alguém.

- Nossos clientes passam de carro! Não são pedestres como você!

- Opa! Valeu! Falou a cheia da grana! Dá licença vai, meu ouvido não merece tudo isso.

- Oito mil cada peito! Oito mil cada peito! Eu sou uma empresária do sexo, o dinheiro que eu tiro aqui com o meu corpo, por dia, dá pra bancar um silicone desses! Duas motos cada peito! Dava pra nós duas fugirmos sobre duas rodas e deixar você aqui falando sozinho!

- Ok! Façam isso! Mas não esqueçam de emprestar essas caras de cu, para eu poder me virar bem no lugar de vocês!

Um carro parou e levou as duas. As duas putas mais escrotas que já vi na minha vida, por sessenta reais, trinta cada uma. E agora, eu era o rei da esquina. Não havia ninguém mais poderoso que eu na travessa da Augusta com a Matias Aires.

Agora, no lado negro da força, definitivamente, eu era o Darth Vader.