Que tanto complicada fora tal intenção. Querer chegar
em certo lugar, sem saber como, sem ideia qualquer ou itinerários
psico-latejantes. Segui a linha da consciência e perpetuei meus pés em sua
estrada. Hora senti medo, hora absoluta coragem. Para tais intentos é preciso
uma pitada de cada qual.
Verdade que não segui um caminho solitário. Verdade
que me escondi de muitos, e a outros tantos, deixei-me levar profundamente. Saboreei
das novidades como um diabo faminto. Em goles generosos, embriaguei-me do novo.
Enchi a cara, ressacas inesperadas em companhias surpreendentemente boas. Há um
quê de inesperado em tais situações. Virtuosismos de lado, abraços demorados e
tão ternos quanto um coração de mãe.
Se você parar para ouvir, aquilo que de fato faz
parte do que se pensa, verá que nem tudo é algo a se desperdiçar. Tempo, tempo,
tempo. Minutos que enlaçam minhas mãos em seus cabelos. A existência carece de
tais sinceridades. Arrepios, sustos, amor e ventura. Delícia é tragar a vida
sem pressa, e se possível, diariamente.
Agora eu sei o tanto que perdi, o tanto que me fiz
recluso às mazelas de um querer preguiçoso, às influências negativas e coisas
do gênero. Despertei de um pesadelo, livrei-me de vampiros sugadores de sangue
e agora percebo o tanto que tenho a meu favor, caminho de pedras, pedregulhos,
mourões, buracos e curvas intensamente deslizantes.
Não saber para onde ir pode parecer fraqueza, e que
bela coisa é essa. Enquanto os que se julgam sabidos do assunto seguem por
caminhos trágicos, sigo meu caminho de dúvidas e meias certezas. Sigo o caminho
do bem. Faço planos como quem bebe um copo d'água. A simplicidade reside em
minha alegoria principal. Abram alas que estou passando.
Leve como uma pluma, revigorado. Sem peso na consciência,
acolho os botões de flor que agora se fazem presente em minha estadia terrena.
Livre e espontaneamente feliz, colho os frutos que plantei em outras épocas.
Sabe aquelas fases da vida, em que tudo parece sorrir para você? Pois é. Tenho
exercitado minhas mandíbulas como há muito não fazia. Sorrio de volta para tudo
e todos. E isso, faço a todo momento.
Coisa linda é viver a vida sem qualquer pesar, sem
amarras, sem se privar daquilo que se quer, seja isso do agrado alheio ou não.
Que me importa o que os outros pensam? Quando morrer, morrerei sozinho, afinal,
ninguém dividirá comigo o calor abundante de uma tábua crematória. Ou será que
estou errado? Estou certo que não.