segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Leitura Incompleta


Acabei meu livro, outro dentre tantos que li esse ano. Acabei de ler pensando numa continuação. Detesto quando um livro termina e me deixa com aquele gostinho de quero mais. Porque de fato, quero muito mais. Acabei de ler meu livro e não me julgo capaz de escrever a tal desejada sequencia. Isso me incomoda, até certo ponto, mas não acredito que esse pensamento permaneça por muito mais tempo.

Última página de uma história de amor incrivelmente suja. Fico imaginando como alguém pode ter escrito algo tão sublime e tão pavoroso ao mesmo tempo. Uma linguística impecável, recheada de frases de impacto e sacadas interessantes. Um festival de bobagens e palavrões dos quais não seria capaz de citar em apenas um parágrafo.

Fechei a contracapa, acabei minha leitura. Uma imensa aventura pela criatividade de Charles Bukowski, aquele fanfarrão. Criatividade, insanidade, vadiagem pura. Uma putaria exemplar, queria ser ele, detestaria ser ele. Amor e ódio, o cara desperta em mim inúmeras psiquês. Finalizei o tal livro e nem sei por quê. Deveria ter deixado a leitura incompleta.

Leitura incompleta. Se reclamo de finalizar os textos aos quais leio, pelo simples fato de terminá-los, ou pelo fato de, em algumas vezes, ir de encontro ao final proposto por seu autor. Por quê não? Interromper um livro no fim pode significar, pelo menos para mim, possibilidades infinitas, uma chuva de possíveis finais, aos quais, vou imaginando com o passar dos capítulos.

É isso. Um livro sem fim. Como não pensei nisso antes? Começo e meio. Final para quê? Para que os outros possam dizer, ei, li seu último escrito, só não compreendi o fim, acho que poderia ter sido assim, acho que poderia ter sido assado. Assim? Assado? Estou cansado disso tudo. Meus livros não terão fim, quer queira, quer...