quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Luzes Apagadas

As luzes da cidade escondem um céu repleto de constelações. As luzes da cidade escondem absolutamente tudo que se propõe a brilhar. Não existe qualquer possibilidade de ser autêntico o bastante para ofuscar os olhos alheios em um lugar como esse.

O que sobra são partículas de insanidade, vontade tremenda de fazer fogueira, sem ter, de fato, fogo para atear. Há quem tenha, mas a cegueira imposta pela claridade da megalópole procura fazer de tudo para impedir tal ocorrência.

Repulsa, violência, medo. Não há esperança. Céu cinzento, noite e dia, com algumas pequenas brechas de ilusão momentânea. Nada demais.

Olhos abertos. Luzes apagadas. Nenhum sinal de eletricidade. A felicidade reside em situações incrivelmente inesperadas como essa. Queda de energia, estrelas brilhando sobre a selva de pedras e metais retorcidos.

Quem me dera considerar sua ausência um evento maravilhoso. Capitalista iluminado, mero pagador de contas em bancos quase falidos. A cortina de reflexos retoma sua atividade habitual e, como numa espécie de ritual, é possível observar quadradinho por quadradinho se acender, janelas de prédios distantes da minha velha sacada.

Plena madrugada, nem assim. Queria você aqui, perto de mim. Estrela visível e palpável, único corpo que, além de celeste, se veste de amor e se faz possível de enxergar mesmo com os olhos fechados.