Tarde de frio e chuva. Andando
pela avenida principal, sinto que poderia apertar o passo. Mas não o faço.
Prefiro servir de bucha, para as inúmeras gotas que escorrem por mim e inundam
meu trânsito. Sigo pulando poças e sorrio, para os que procuram um lugar para se abrigar.
Estranho como tudo pode acontecer
perfeitamente como se espera. Raios e trovões são substancialmente bem-vindos, meu peito está pronto para tudo. Até para essas sensações loucas que me invadem do nada, vontade absurda de mostrar os dentes, de gargalhar, de contar a piada mais sem graça da história para a pessoa que mais detesta piada no universo.
A felicidade não exige uma
trepada com uma mulher maravilhosa. Isso é coisa para os galãs de calçada, que insistem no ideal foda-realização.
Eu quero gozar sim. Eu quero gozar e
muito. Mas muito mais que simplesmente ejacular em vaginas alheias, hoje eu
quero gozar a beleza da vida, o prazer de uma repentina alegria, um sorriso sincero no rosto encharcado, em uma tarde away da rotina.
Sem mais.