Haverá um dia em nossas vidas, um
dia em que olharemos para trás. Um dia que ficará marcado por ser o dia em que
abrimos nossas gavetas e reviramos nosso passado. Nesse dia, teremos mais
certezas do que dúvidas. Nesse dia, saberemos o que fomos, mais do que sabemos o que somos. Nesse dia, escorrerão lágrimas e a saudade será grande. Talvez não.
O presente, onde nos encontramos,
por mais abstrato e confuso que pareça, guarda em si alguns pontos
impressionantes. É dele, e somente dele, o poder de preencher os papéis em
branco.
Papéis em branco. Papéis
preenchidos. Algumas gavetas.
Papel e caneta nas mãos. Destinos incertos, amanhãs mais
imprevisíveis que a meteorologia paratiense. Um pingo de inspiração num poço de
desejos, eis o que parecemos ser. Rascunhos, esboços, rabiscos. Esse é o risco
que corremos somente por estarmos vivos. Caminhar junto às horas do dia a dia, junto
às possibilidades de um livro prestes a começar.