quinta-feira, 18 de abril de 2013

Stereo System Psycho

Outro dia li algo sobre pessoas quietas e observadoras. A frase, da qual não me recordo em sua exatidão, refletia uma ideia da qual compartilho: pessoas quietas e observadoras possuem mentes barulhentas.

Sim, me considero um bom observador. Não, não sou o mais falante da turma. E tenho um alvoroço de cabeça, dessas que mais parecem um psycho stereo system.

Sabe aquela mania chata que alguns têm de zapear música? Aquela mania insuportável de não deixar a música chegar ao fim e logo trocar por outra? É assim que compreendo a minha mente, em boa parte dos momentos quando, de fato, paro para analisá-la.

Agora, o que mais me surpreende é que isso não se limita ao que penso. Meus sentimentos são como uma procissão de barcos à deriva. Meus pensamentos são perfeitas ilhas desertas. Vivo flutuando, como a folha que se solta de um galho e vagueia ao capricho de uma brisa qualquer.

Barulho? É o que menos faço. Minha presença é quase sempre despercebida. O grito que não se escuta é cada linha do que escrevo. Palavra por palavra, num silêncio profundo, inapto a fazer com que eu seja ouvido pelo mundo, entretanto, suficientemente capaz de irromper um imenso desejo, de baixar o volume que atordoa meu senso.  

Justo eu, que não compreendo tais tecnologias, justo eu, que nunca tirei carta náutica, justo eu, que tanto amo...