Os dias passam e não têm pena de mim. Memória gloriosa. Lembranças
gostosas que não saem da minha cabeça, sorrisos fascinantes, que me enchem de alegria
e saudade. Engraçado como são as coisas, o inimaginável tornara-se necessidade.
Se eu posso explicar? Não. O poeta ficou mudo. Não há palavras que descrevam
tais sensações.
E por falar em sensação, não aprendi a dormir sem seu corpo colado.
Nem a viver sem seu ar delicado, sem seus olhos grudados nos meus. Vazio. Vazio
imenso. Alguns lapsos momentâneos de felicidade e apenas. Ela surge em meus
pensamentos a cada segundo. Vontade louca de invadir seu mundo e calar a boca
desse fundo de tristeza.
Querer é fácil. Eu quero, tu queres, ele quer. Nós queremos, vós
quereis, eles querem. Presente do indicativo. Verbo irregular. Quero seus
abraços, seus braços, suas mãos. Quero sentir seu cheiro, deslizar meus dedos e
meus desejos mais íntimos, pelos mínimos detalhes de sua pele. Eu quero o
arrepio, dos sussurros de amor madrugada adentro. Da sua boca, todos os beijos
que puder. Eu quero tudo. Eu quero absolutamente tudo o que vier.
As noites chegam sem resquícios de piedade. Os minutos se arrastam. Outra
tentativa vã, dormir para esquecer, despertar e recordar, que aquilo que
passou ainda vai me fazer querer, ainda vai me fazer pensar, ainda vai me
fazer sofrer, ainda vai me fazer escolher, ainda vai me fazer gostar.