terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Sex On The Beach

Tudo bem que a receita original leva vodka ao invés de licor, porém, em determinadas situações, isso é um detalhe que se torna meramente irrelevante. Duas doses de cointreau mais suco de laranja e licor de pêssego. Groselha para decorar e acentuar o dégradé desde o fundo do copo.

Hemingway não beberia, sabido que é grande apreciador de um bom e velho mojito, porém, faria deles as minhas subseqüentes palavras. O velho sabia dar valor aos encantos de uma bela mulher.

Copos cheios, goles curtos, a noite é apenas uma criança.

Gotas de chuva misturam-se aos drinques. Aposto um dedo que alguém observa meus movimentos. Cabelo molhado, desengonçado, revirado à exaustão. Não busco causar qualquer boa impressão. Simplesmente não nasci para dividi-lo ao meio.

Copos pela metade, goles curtos, presságio de sequência.

A água cessa sua queda por alguns instantes. Não há mais obstáculos que nos impeçam de seguir adiante. Passos calculados pelas ruas de pedra, qualquer deslize pode ocasionar uma tragédia sem precedentes. Derrubar o conteúdo de nossos copos pelo chão, um total desperdício.

Copos novamente cheios e olhares que encontram-se...

Para nunca mais se separar. Teus olhos, duas pedrinhas de jade, dançando para lá e para cá, buscando no idílio da noite,  o meu, o nosso, olhar. Há quem diga que exista, de certa forma, um tal de amor à primeira vista. Prefiro crer na possibilidade de ser algo muito próximo à grandeza de tal sentimento, mesmo que, porém, tardio.  

Copos novamente ao meio, e olhares que despedem-se.

A noite, criança que é, brinca conosco, nos faz de bobo, e simplesmente pede passagem. Hora de ir embora. Cada um para um lado, como jovens adolescentes ao fim de uma matinê. Se aos treze anos a gente não compreende muito bem a realidade das coisas, aos vinte e cinco tudo parece ser ainda mais complexo.

Hoje eu quero saideira. Pois espero por muitas outras noites em que esta, possa, de alguma maneira, jamais ser solicitada. Noites inteiras, todas possíveis, manhãs de amor e saideiras de sono pesado, corpos colados, aos quais somente imagino e espero, tão ansioso quanto ao drinque que parece ainda nem ter dado sinal de escapar da garrafa.