sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Do Amor

Sinceramente, nada mais me surpreende. Quando penso ter vivido o suficiente para julgar-me bom entendedor, vem o tal do amor, roubar minha brisa, baixar minha crista e dizer palavras doces como um gole de cachaça pura.

Loucura, loucura, loucura. Capaz de metamorfosear corações de pedra em areia. Derreter as mais incríveis geleiras, converter fogo em água e santo em pecador. Isso apenas para se ter uma ideia de seu poderio ofensivo, maluco que só, ao qual tornamo-nos submissos, mesmo que nossos atos sugiram, em determinados casos, o contrário.

Misto de medo, ansiedade, vontade absurda. Braços abertos para um montão de dúvidas. Porque o amor não explica, o amor não faz média, o amor não está nem aí para ninguém. Fica para trás quem tenta, mesmo que superficialmente, compreendê-lo. Tarefa árdua e pouco recompensadora. Como disse, amor não é forma, não tem fórmula e não provém de cálculos aritméticos.

O amor é irônico, conciso e hermético. O amor é platônico, jônico, aristotélico. O amor sou eu, você e todo os que nos cercam. O amor é isso. Um beijo doce sem compromisso, um calar de boca ao tocar dos lábios, que simplesmente se completam. Desejo natural. Inconfundível e incomparável.

Admirável, essa é a palavra que melhor define tal sentimento. É preciso ser corajoso o suficiente para senti-lo de fato, ou melhor, vivenciá-lo, em sua plenitude. Missão quase impossível, para esse monte de gente rude, os  falsos amantes, pseudo-diamantes, que brilham mas não reluzem.

O amor é um precipício. Um abismo profundo. Um saco sem fundo, buraco negro. Ao qual é preciso ser astronauta para ir além. Mais do mesmo. Falar de amor é como chover no molhado, começa assim e termina assado.

Mas jamais irei considerar-me cansado. Do amor, não me arrependo. Do amor, não me resguardo. Do amor, não me exilo, e amor é o que eu exalo. Como um tiro certo de espingarda, oriunda de sei lá onde, do amor não espero mais nada.

Cara à tapa e um peito crivado de bala.