sexta-feira, 20 de julho de 2012

Aos Amigos


Grandes amigos, grandes histórias. Lembro-me, certa vez, nos tempos de garoto franzino, quando ainda apanhava na escola, de questionar-me sobre a possibilidade de quem sabe um dia ter um bom amigo.

Afinal, para que serve um desses? Vivia me perguntando, junto de meus inseparáveis bonecos Comandos em Ação. Pra quê ter um Guilherme, um Arnaldo, um Thiago ou um Fernando se eu podia simplesmente ter um Chuck Norris ou um Rambo? Coisa de criança. Nos meus sonhos não haviam pessoas, somente bonecos que cuspiam fogo e carrinhos que se transformavam em robôs excêntricos e demolidores.

Certo dia, flagrei meus coleguinhas infernais colocando a pasta da professorinha dentro da mochila de outro inocente como eu. Parece até que foi ontem, me recordo de cada detalhe da situação. Levantei e caminhei na direção do garoto. Olhei para ele e disparei aquelas palavras, que de certo modo, mudariam para sempre a minha vida e a vida do cara.

"Você vai mesmo deixar eles colocaram a pasta da professora na sua mochila?" Fim de papo. Salvei a vida de alguém naqueles cinco segundos de heroísmo. Não preciso nem dizer que levei um belo dum esticão no mesmo dia. Para quem não sabe, o esticão consiste de quatro coleguinhas infernais e um coitado. Cada par puxando você pelas pernas e braços, até você não agüentar e admitir ser um cagão, um bundão, ou até pior, um mela tanga.

Aquele garoto, que a propósito se chama Adriano, foi o primeiro de muitos. Nesses tantos e tantos anos, amigos vieram e partiram, com a mesma intensidade de uma onda quebrando na areia. Alguns marcaram para sempre seus nomes no meu coração, outros são e serão sempre lembrados em papos de boteco e fotografias antigas. O fato é que nada na vida acontece por acaso, e todos eles, por mais que não saibam, tem seus rostos e seus nomes gravado na minha memória.

Não tenho a intenção de dedicar esse texto a nenhuma pessoa em especial, nem aos meus amigos, queria mesmo, de coração, dedicar aos coleguinhas infernais da minha remota segunda série, eles sim, são os verdadeiros responsáveis pelas palavras que aqui escrevo. Quem poderia dizer, que aquelas esticadas serviriam como um empurrão, para futuras alegrias, bebedeiras, viagens, tumultos, relacionamentos, intermináveis contas de telefone e eternas amizades.