quarta-feira, 27 de outubro de 2010

2º Turno

2º Turno
                E A INESQUECÍVEL ONDA VERDE DO BEM (OU DO BOM?).


- Política. Que porra é essa?

Você sabe me responder? Muita gente não se incomoda nem um pouco em dizer que nunca desperdiçou tempo e neurônio para isso.  Louvados sejam estes, cidadãos de boas intenções e de cérebros engavetados.

Eu respondo. Política é essa merda toda aí, que você vive vendo na televisão. Realidade putrefata e fétida de um meio desonesto e injusto, que visa o lucro, subjugando valores e pessoas, valores pessoais, ideais partidários e promessas tão mentirosas quanto uma nota de três reais.

Lá em Brasília todo mundo apronta e não se fala mais nisso. Ninguém sabe, ninguém viu. Puta que me pariu! Lá em Brasília cueca de couro não é artigo erótico e masoquista, e sim, uma atualização da utilização das cuecas comuns. Cuecão de couro no planalto é coleção nova, da moda do momento que não muda nunca: dinheiro escondido, falcatrua, pilantragem, putaria, sacanagem, pra não dizer FALTA DE VERGONHA NA CARA, BANDIDAGEM!

- Seus safados! Filhos da puta! E o caralho!

Vivo escutando isso. Não importa o lugar, em época de eleição, o papo é sempre o mesmo. Gente indignada nos bares, gente indignada nos elevadores, gente indignada nos trens do metrô. Gente sorridente nos botecos, gente sorridente nas filas dos ônibus, gente sorridente na sarjeta. Porque é assim que se vota nesse país. O pobre, naquele que diz que vai tirá-lo da pobreza e o rico, naquele que diz que vai deixá-lo ainda mais rico. Por isso tanta gente vota num e tanta gente noutro.

Mas o problema, dessa vez, é pura traquinagem. E quem disser que eu tô falando bobagem aqui, não sabe de porra nenhuma.

O problema dessas eleições não são estes dois candidatos. Nem seus partidos. O problema não vem das suas coligações, nem das ligações que tenho recebido (com gravações escrotas dos mentecaptos Dilma e Serra, pedindo esperançosamente, que eu vote em seus respectivos números: 13 e 45). A zica dessas eleições tem nome, cor e número. A surpresinha desse ano obteve nas urnas uma considerável votação, que serviu inclusive, para concretizar um segundo turno.

Alguém me diz... De onde foi que saiu esse tal de Partido Verde?

Estava em casa, num dia desses, pensando na hipótese desse partido consistir apenas de alienígenas perdidos no espaço. Mera invenção de uma mente alucinada. Talvez não estivessem perdidos. E se fossem alienígenas bem intencionados realizando uma missão de paz? Não. E se fossem alienígenas muito mal intencionados, enviados numa missão exploratória de aniquilação do planeta Terra? Clichê demais.

- É. Talvez não sejam mesmo alienígenas.

Porém, creio eu, que para surgir assim do nada e realizar algo até então inimaginável, esses brócolis engravatados deveriam estar em algum lugar super secreto, de certo, tramando essa aparição surpreendente e arrebatadora!

Eu: - Mas que caralho essa eleição né?

Marlon: - Nem me fala sublaime¹, tô puto da vida com tudo isso que está acontecendo. Ninguém se movimenta, ninguém peita, é foda! Nesse país, as pessoas esperam por milagres que deveriam partir delas mesmas. Isso é um absurdo! Comodismo escroto, país de vagabos!

(pausa de quinze segundos para absorção de informação e...)

Eu: - Mas que porra de eleição né sublaime?

Marlon: - Ih, chapou.

(risos)

Quando Marina Silva chegou falando alto, com aquela boca roxa, de raspas de beterraba, pensei comigo mesmo “agora é que fodeu de vez”, porém, fui surpreendido pela mesma durante um sonho, onde ela me dizia algumas palavras. Ela me dizia assim:

Marina: - Passa a bola.

Marina: - Coé playba! Passa logo esse galho!

Marina: - Perninha de grilo é o caralho! Tem mais aí pra fazer um pirócão?

Marina: - Cof! Cof! Cof! Piteira é foda! Piteira me fode o pulmão!

Marina: - De onde? Do Acre!

Marina: - Porra nenhuma, só mato! Dá pra plantar uma pá de sementes dessas lá!

Marina: - Mas você tem o dom dessa tecnologia? Nunca tinha ouvido falar desse tipo de desenvolvimento em estufa!

Marina: - Cargo? Pra qual ministério?

Marina: - É tudo teu sublaime! É tudo nosso! Vamos fumar essa porra toda até acabar!

Marina: - Você não votou no Ricardo Young não, né? Careta bagarai...

Sim. Foi apenas um sonho. Mas quem garante que não seria mais ou menos assim? Essa galera verde defende pontos de vista extremamente à frente. Direita? Esquerda? Não existe um determinado lado para quem promove a ecologia e a expansão dos limites da imaginação. Política atrasada? Não em conceitos. Sim em tempo. Quinze anos a mais de existência e algo maior já teria (e isso é certeza absoluta) sido alcançado e realizado.

Defender a legalização da maconha não é algo digno de um Academy Awards? Para muitos sim. Para muitos ignorantes, não.

Quem não fuma maconha ou é preguiçoso ou está mentindo. Correto Pingueleto?

E quanto ao aborto? Ao pacifismo? Ao poder descentralizado? São apelos que merecem ou não um aprofundamento maior? Um partido que defende tais idéias não pode continuar passando em branco.

Eu não votei no verde. Verde pra mim foi só o botão, que eu apertei cinco vezes no primeiro turno dessa eleição.

Não votei. E não sei se me arrependo ou não. Acredito que os reflexos dessa campanha sejam imensuráveis, partindo do pressuposto de que seus votos não foram poucos e de que suas idéias começaram a ser levadas em consideração, até mesmo pela massa desmiolada que vota em qualquer um que bote leite e pão na sua mesa.

Você que votou no verde: salve a vida de um tucano. Sei não, sei não.

Você que votou no verde: salve-nos da privatização!  Sei não, sei não...

Quem sabe numa outra eleição...

Eu: - Sublaime, se você tivesse votado, quem seria o seu escolhido para a sucessão presidencial?

Marlon: - Não sei. Talvez a Marina.

Eu: - Mas que porra de eleição né!

Marlon: - Fumando de novo irmão? Larga essa porra aí! Dá na minha mão!




* sublaime¹ - deriva de sublesk, que deriva de sobrinho, apelido muito comum em Paraty, cidade natal do Marlon e lugar preferido do cidadão que vos fala.