Não sei dizer, nem se quero dizer
- mesmo que pudesse - aquilo que tinha para dizer há pouco. Parece que tudo
ficou branco, a ideia simplesmente fugiu. Tendo em mente alguma referência, de
certa forma, é possível traçar ao menos o contorno daquilo que se pretende comunicar,
mas, infelizmente, tal feito tornar-se-á impossível, devido à memória e sua
súbita traição.
Lembro-me de uma centelha, algo
sobre a noite. Que triste investigação, justo a noite, lugar por demais
extenso. A noite, espaço escuro, dentre acaso e alvorecer. Há tanto para
dizer que, qualquer averiguação pode parecer mera tentativa ou pretexto, para
fugir do assunto em questão: a ideia que correu da mente e perdeu-se em algum
lugar do tempo, momento passante, lapso formoso do esquecimento; blackout.
Esta, por assim dizer, há de ser –
e por que não – uma noite intranquila. Não obstante, diante de um genuíno pesadelo
para quem pensa, desisti de abrir mão, pura e simplesmente, da ideia de jamais
reencontrar aquela outra que tive quase agora. Soa-me fraco e preguiçoso em
demasia, dar de costas às capacidades neurológicas.
Algo sobre a noite e sua
classificação morfossintática, talvez. Substantivo feminino singular; percebam, feminino
e singular, como não poderia ser diferente. No fim das contas, por mais que force
o contrário, percebo estar novamente referindo-me à peculiaridade amulherada.