Não sei falar de outra coisa,
desculpem-me. Sinto parecer um tanto quanto ultrapassado, batido, demasiado clichê, mas não, não sei falar de outra coisa. Eu tento, procuro mudar o ponto
de vista, abordar uma temática diferente, usar mecanismos de fuga do padrão,
mas não, não consigo falar de outra coisa.
Pode soar estranho tudo isso que
agora vos digo, mas é muito isso. Caí em mim e dei-me conta de que não há outro
assunto, outro papo. É sempre o mesmo, de maneiras distintas, em contextos
diversos, porém, sempre a mesma coisa, o mesmo blá blá blá ao qual todos estão
acostumados. Preciso encontrar um jeito de alterar a forma com que lido com
essa situação, mas não, como não sei falar de outra coisa, acabo tornando
sempre ao comum de meus escritos.
Adoraria falar disso e daquilo,
adoraria falar qualquer coisa que não fosse o que rotineiramente digo e repito.
Esse mais do mesmo que norteia meu fluxo cerebral para a mesma direção, todas
as vezes que penso em botar no papel algumas das ideias que surgem em minha
cabeça. Não sei ser diferente de mim mesmo, não sei ser outro, não sei ser como
vocês gostariam que eu fosse. Não sei atender às minhas próprias expectativas,
não, não sei falar de outra coisa e necessito urgentemente de uma válvula de
escape.
Talvez queimar todo o papel do
mundo e fingir não reconhecer a tinta de uma caneta quando estiver diante de
uma. Isso é muito mais difícil do que eu imaginava, mas não tão difícil quanto
mudar o discurso, trocar a fita, se é que vocês me entendem (¿!).
Percebam, o caso é digno de
tratamento psiquiátrico, distúrbio psico-repetitivo, como se não existissem
maiores possibilidades, demais horizontes. Sempre volto meus anseios e toda a
minha loucura para um ponto entre milhões. Como se não pudesse fazer o
contrário, como se algo me impedisse.
Internem-me numa clínica
qualquer, eu simplesmente não consigo falar sobre outra coisa que não o amor.