sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Crônica da Comanda da Morte

Hoje senti um desejo terrível de cometer algo um tanto inimaginável. Homicídio, culposo, com intenção total de matar. A vontade era tanta, e as opções, tão diversificadas, que não seria surpresa – nem para mim mesmo – realizar, de fato, tal façanha.

Quis triturar seus órgãos; fatiá-los em pedaços com a ajuda de um cutelo. Quis arrancar seu cérebro, quis arrancá-lo e servi-lo à moda do chef. Filho da puta! Como eu quis acabar com a sua vida! Vontade de marcar com fogo toda essa sua insignificância, essa arrogância escrota, esse ar de superioridade que inferniza a minha rotina.

Hoje poderia ser preso, ser levado para o xadrez, pouco importaria! Cagando e andando para tudo isso, aceitaria as algemas sem dar sequer um pio. Baixaria a cabeça e olharia fixamente para os meus pés e minhas mãos, tingidas de vermelho-crime.

Hoje um fuzil teria caído bem; um lança-chamas, um canivete, uma pistola de sabão, qualquer porcaria dessas teria sido utilizada em prol de sua extinção. O mataria aos poucos; o mataria tortuosa e lentamente; com golpes curtos, tiros em locais específicos, cortes providenciais. Quanto mais sangue, melhor.

Não haveria ouvido capaz de ouvi-lo gritar. Na verdade, mesmo que houvesse, não sobraria corda vocal pra exercitar seu poder de canto de sobrevivência. Sua competência sonora seria inviável, afinal, estaria – nesse momento – procurando sua língua, pelos cantos de seu abatedouro-salão-qualquer-lugar-da-casa.

No final das contas, um infarto seria mais que uma bênção; um sonho de consumo. Sorte a sua que me contentaria com simples três tapas na cara. Uma finalização-farra, depois de alguns chutes no saco e um esculacho verbal-psicológico daqueles, dignos de gravar com celular para publicar no youtube.  

Que fique claro - GARÇOM INACREDITÁVEL - pense melhor da próxima vez, quando vier me pedir um couvert de pães e patês, às dez para as duas.