quinta-feira, 6 de junho de 2013

Plano de Fuga

Saída pela direita, pela esquerda. Certas vezes é necessário ter em mente um bom plano de fuga. Saída à francesa, literalmente. Um ruído em falsete, no terceiro degrau da velha escada de madeira. A hora é agora.

Como disse anteriormente, tal plano deve estar perfeitamente pronto para ser colocado em prática. Não há tempo para improvisos. Qualquer lapso de criatividade momentânea torna-se descartável, por completo.

Os segundos subsequentes são determinantes. É  como um filme em câmera lenta, onde cada passo requer muito cuidado. O processo é milimetricamente calculado e demanda muita precisão. Seja qual for o destino final, imprescindível é o afinco para com todas as etapas. Um deslize pode custar caro e, em certos casos, até a vida.

Os possíveis paradeiros são muitos. Variam de acordo com o contexto, se estiver no banheiro, escorra pelo ralo ou esprema-se para dentro de um frasco de shampoo; se estiver na cozinha, esconda-se num pote de biscoitos ou abaixo da pia. Nunca no forno, nunca no microondas, os motivos são mais que óbvios.

Caso o local seja o quarto, fuja, mas fuja também dos clichês. O armário soa ridículo. Não vá para de baixo da cama. Procure alternativas viáveis e se necessário, perca a classe. O disfarce de abajur é sempre uma ótima alternativa. Vista uma fronha, camufle-se junto aos demais travesseiros ou, em último caso, torça para a cama ter um belo gaveteiro. Do contrário, corra para o telhado,  para a sacada. Todo quarto possui ao menos uma janela.

Se não houver saída, entregue-se. Esqueça o que eu disse no segundo parágrafo, proponha um ménage à trois, use e abuse de sua imaginação. Voe alto, mas lembre-se, truco não é jogado à três e não ouse de maneira alguma dormir em meio ao casal. A sinfonia de roncos pode ser ensurdecedora.

Uma última coisa, verifique a altura da janela, caso tal vôo seja fruto de um arremesso.