Eu perco horas, perco dias, perco
semanas e meses inteiros. Eu perco anos da minha vida, perco todas as
oportunidades que batem à minha porta. Eu perco tempo, perco a hora, perco as
datas de todos os aniversários. Perco as chaves, perco a cabeça, perco o
caminho de casa. Perco a vez, perco os sentidos. Perco o controle, o chão e o freio. Perco a fome, o sono,
perco as estribeiras.
Eu perco a fé, perco peso, perco os
fios do cabelo. Perco a inocência, perco a milésima caneta. Perco o
guarda-chuva, perco o medo, perco o fio da meada. Perco a paciência. Eu perco o jogo, perco feio, e perco também o senso de realidade. Perco o show do Noel Gallagher. Perco as forças, perco as esperanças. Perco o juízo, perco a conta. Perco o ônibus, perco o emprego. Inclusive, eu perco até o isqueiro...
Mas você eu não perco.
Mas você eu não perco.
Em você eu me perco. E isso soa mais que suficiente.