quarta-feira, 4 de junho de 2014

Eu Escreveria Um Livro Sobre Isso

Tenho medo do que posso vir a escrever nas linhas que estão por vir. Medo mesmo, pavor, das possíveis palavras que poderão vir a brotar dessa página em branco. Tenho medo do branco. Para falar a verdade, morro de medo de páginas em branco. É como desfrutar de um salto no vazio absoluto. Tenho medo do vazio. E do absoluto também. Mas acima de tudo, medo de preenchê-las com qualquer coisa. 

Ok. Melhor parar por aqui. Não, go on!

Como se vê, medroso. Com um puta medo de que um dia as estrelas se apaguem, medo de engolir água pelo nariz. Medo de ser triste. Ou feliz, em demasia. Medo de sexo tântrico, medo de unhas encravadas. Um puta medo, não medo de putas. As putas ainda não me deram motivos para sentir medo. Mas sim, medo de pole dance. Medo de quem faz o tal do pole dance. Medo de quem faz o pole dance e depois compra novalgina na farmácia. Medo de pessoas normais demais.

Medo de ir no mercado de manhã. Medo de mamilos grandes. Medo de altura e de fogões com acendedores de bocas automáticos. Medo de flores coloridas demais, medo de dias cinzas e noites úmidas. Pavor, de calcinhas penduradas no box. Medo de quem as penduram. Nada contra pendurar calcinhas em todos os cantos possíveis. O medo é de dar de cara com elas sem aviso prévio ou preparo psicológico.

Medo de refrigerantes dietéticos, medo de estereótipos. Medo de pessoas que falam essa palavra e nem sequer fazem ideia do seu real significado. Medo de rodovias interestaduais. Medo de filiais do capeta e inferninhos da vida. Medo de açúcar impalpável. Medo não, pavor, de açúcar impalpável e caramelo. Medo, medo, medo de caramelo.

Medo da Barbra Streisand, e das músicas da Barbra Streisand. Muito medo por ela não se chamar Bárbara. Seria muito mais simples se ela fosse uma Bárbara Streisand. Mas não, ela é Streisand. E eu tenho um medo bem sincero em relação a isso. Medo de propaganda eleitoral gratuita, medo de propaganda eleitoral no geral. Medo total de impulsos persuasivos. Medo de pastores alemães.

Medo de estar indo longe demais com isso. Medo de não fazer qualquer sentido. Medo de aliviar a barra da página vazia. Do branco e do vácuo. Medo danado dessa turma. Medo por terem voltado para me aterrorizar justo no último parágrafo. Medo de que este seja, de fato, o último parágrafo. Medo de parar de escrever.

De uma vez por todas. O medo é psicológico. E eu cago de medo de terapia.