sábado, 23 de novembro de 2013

O Que Falta Em Mim

Quando falta uma perna, complica-se o caminhar. Mas para isso existem as muletas, as bengalas, as próteses de última geração. Dificulta, mas não impossibilita. Limita e muito, mas não impede, por assim dizer, um possível passeio qualquer.

Quando falta um braço, complica-se o abraço. E aí é difícil. Como não poder entrelaçar-se com outro par de braços? A coisa tende pro lado do absurdo. Não, não deve ser fácil conviver com tal deficiência. Mas para isso existem os outros braços, que num lapso de amor infinito,  abraçam de qualquer maneira e fazem parecer nula a falta do membro em questão.

Quando a falta é fruto de uma dúvida "falta de quê?", complica-se o raciocínio lógico. Óbvio. Um buraco imenso, perdido em algum lugar do peito. Isso não é coisa boa. Não dá para jogar duas pás de areia e achar que tudo está devidamente preenchido. O vazio do peito é estranho. Sensação de perda sem perder, de não ter, mesmo que se tenha. O vazio no peito é um grande filho da puta, um grande inconseqüente.

E como resolver? O quê fazer? Como proceder? Talvez o vazio do peito seja apenas a falta de algo maravilhoso em mim. Nesse caso, você.