Hoje eu vi um filme pornô. Assisti do começo ao fim. Roteiro
memorável, sexo selvagem num navio pirata. Detalhe. Um navio pirata coberto de
mulheres incrivelmente gostosas e um capitão imenso.
Não, não. Não pode ser possível. Apenas um capitão para toda essa tripulação.
Num cotidiano abastado de
mulheres sedentas e homens sarados, fico pensando onde é que poderia me
encaixar. Em que gênero de sacanagem poderia atuar? Com que espécie de atrizes
seria capaz de contracenar? Engraçado pensar nisso como possibilidade, mesmo
que remota.
Xoxotas gigantes e pirocas
dantescas.
Não nasci para isso e vou me
acostumando com essa realidade. Mas certas horas me bate tal vontade. Trepar
sem qualquer compromisso. Oi, tudo bem, bora trepar? Tchau, valeu! Mandou bem! Até a próxima! E aí diretor, pegou tudo? Deu um close na gozada? Fez
aquela tomada? Como me saí?
Bucetas carnívoras e picas
homéricas.
Trepando sem compromisso e ganhando dinheiro
com isso. Tem muita gente ganhando muito dinheiro com isso. Um mar de gente ganhando
muito dinheiro com isso e andando pelas ruas sem que ninguém seja capaz de perceber que está a
trombar um astro do universo pornográfico. Poderia se tratar de mim. Poderia se
tratar de você.
Oi, você trepa? E fatura com isso?
Não sei. Posso estar dizendo um
festival de bobagens. Litros e mais litros de esperma desperdiçados
diariamente. Assassinatos involuntários. Cúmplices de cachês elevados. Estão
pagando pra trepar com a Cadillac! E eu aqui atrás desse computador. Estão
gastando uma nota pra comer a bunda da Gretchen! E eu aqui, cheio de
amor...
Cheio de amor pra vender. Porque
amor para dar não combina com a alma do negócio. Não desse. E como diria
Bukowski... Toalha no chão, desisto antes de começar... Se doze macacos alados
não conseguem trepar sossegados, quem sou eu para julgar.